Maristela Bernardo
Jornalista e Socióloga
Continua a guerra. Covardia, estupidez, ganância, ignorância alimentam os ataques cada vez mais intensos. Não se respeita mais nada.
Mas há resistência! E sempre haverá! É preciso juntar forças, atacar, proteger os mais fracos, sobreviver pra contar como foi, como está sendo essa guerra suja, sem compaixão, sem humanidade, sem ética.
EM TEMPO: não falo da guerra da Ucrânia; falo do nosso front, da guerra de Bolsonaro contra o Brasil.
Ontem aconteceram lances importantes, que podem mudar rumos no campo de batalha. De um lado, milhares de pessoas juntaram-se a artistas, intelectuais e alguns políticos para defender a proteção ao meio ambiente e protestar contra iminentes ataques finais a terras indígenas protegidas, para entregá-las à sanha destrutiva do garimpo ilegal, “legalizando-o” na marra.
Enquanto a Esplanada dos Ministérios se enchia de gente numa manifestação emocionante, a poucos metros, dentro do Congresso, a “base” do governo, capitaneada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, aprovava às pressas o requerimento de urgência para votar o projeto que libera mineração em territórios indígenas.
A justificativa? A Guerra da Ucrânia…Com base na mentira cínica, bradada por Bolsonaro, de que uma suposta interrupção da chegada de fertilizantes russos para o Brasil exigiria a rápida exploração de potássio em terras indígenas para garantir independência na produção de fertilizantes. Há dezenas de pedidos acumulados para exploração de potássio em terras não indígenas. O percentual explorável em terras indígenas é ridiculamente pequeno: cerca de 10%das reservas existentes no país.
Então, como é óbvio, não se trata de potássio nem da Guerra da Ucrânia, meros pretextos. Trata-se da guerra, anunciada desde o início do governo Bolsonaro, contra a existência de terras e vidas indígenas protegidas. Como toda guerra, essa mata, destrói gente e natureza, sacraliza a violência em massa, como se ela fosse justificável, em determinadas circunstâncias. Não é! Nunca é! Sempre é uma brutalidade que nos alerta para o fato de que ainda não atingimos um patamar mínimo de civilização e de que o poder se transforma em arma letal quando em mãos de governantes e congressistas venais, truculentos e ignorantes. Quando se é atacado, não há saída senão lutar. Ontem foi um lindo momento de resistência, mas é preciso juntar mais gente, em todos os fronts; é preciso ter raiva, se indignar, chorar. E agir.