Marina Silva é uma brasileira que tem em seu currículo mais de 60 honrarias: prêmios, títulos, reconhecimentos. Foram conferidos a ela pela ONU, governos da Europa, tanto democracias como monarquias como a inglesa e a monegasca, academia do Brasil, da Europa e da China e por organizações da sociedade civil. Além dessas honrarias, foi incluída pelo The Guardian entre as 50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta. Foi vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do Meio Ambiente. Transitou, numa trajetória de superação, da alfabetização pelo Mobral para diplomas de graduação e de pós-graduação em três áreas diferentes de conhecimento. É palestrante convidada por várias academias do porte de Oxford, na Inglaterra e MIT nos EUA.
Em qualquer lugar do mundo uma cidadã com essa biografia seria honrada por seus conterrâneos, mesmo aqueles que tivessem divergências políticas com ela. Em qualquer país que prezasse a sua bagagem civilizacional ela teria um lugar muito relevante na cultura, nos valores políticos, na ordem institucional da nação. Sendo esse país o Brasil, não estaria sozinha, pois aqui no Brasil temos muitos e valorosos homens e mulheres que construíram esse país continental, dos mais ricos em natureza, como aliás enaltece nosso hino nacional.
Mas eis que um dirigente público, baseado em opiniões pessoais sem lastro em conhecimento, preparo técnico ou o mínimo bom senso, resolve se colocar contra todos os países que formam a ONU, os governos europeus, americanos e asiáticos, a imprensa internacional, as instituições de nosso próprio país e opinar que Marina Silva não tem méritos, feitos e, portanto, não merece estar entre as personalidades da etnia negra que forma a base de nossa população porque não contribuiu em nada para encarnar um exemplo para os negros brasileiros.
Não se trata de Marina Silva, claro. A opinião de tal dirigente não tem a menor relevância para os critérios de quem a reconheceu como digna dos prêmios, títulos e reconhecimentos. Mas trata-se de lamentar a degradação da gestão pública em nosso país, o desmonte de nossas conquistas sociais, culturais e econômicas até aqui, o gasto de nossos impostos com a remuneração de uma condução tão medíocre de instituições que têm papéis muito importante na nossa organização institucional, que pertence a todo o povo brasileiro e não só aos eleitores e seguidores do atual governante.
A Rede Sustentabilidade vem a público repudiar tal ataque a nossa história, em especial à história dos negros no país, à nomeação de pessoas a quem falta competência para compreender e cumprir a missão institucional dos órgãos para os quais foram nomeados.