“Vemos a importância de ter uma parlamentar indígena, mas é preciso de mais, o Congresso precisa ser ocupado por mais indígenas”, diz Ariane Susui em entrevista

Coordenadora Nacional de Ativismo e Movimentos Sociais da REDE Sustentabilidade fala sobre a 2ª Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília e a importância de indígenas nos espaços de poder.

Cenários complexos podem amedrontar e paralisar, ou impulsionar a luta. Quando isso se refere aos nossos povos originários – que estão em luta há séculos – o que vimos no final de agosto e início de setembro foi uma disposição ímpar e exemplar organização à luta pela vida e ao compromisso com a cura da terra.

Nas duas semanas de intensa presença em Brasília, de 22 a 28 de agosto – com a Mobilização Nacional Indígena Luta pela Vida, e de 7 a 11 de setembro – na 2ª Marcha das Mulheres Indígenas, aproximadamente 11 mil indígenas estiveram na Capital Federal para dizer não ao marco temporal e mobilizar o conjunto da sociedade brasileira e a comunidade internacional sobre os preceitos constitucionais atinentes à vida dos povos originários, em constante e violenta ameaça.

Além da Deputada Federal Joenia Wapichana (REDE-RR), que recebeu caravanas de todo o Brasil, numa intensa agenda de articulações e debates especiais nas duas grandes mobilizações, com representantes de variados povos e comissões internacionais que estiveram em Brasília para acompanhar as atividades, a REDE Sustentabilidade montou grupos de apoio com vários Dirigentes Nacionais, inclusive os porta-vozes Heloísa Helena e Wesley Diógenes, e dos Elos Indígenas e Mulheres.


Ariene Susui, Coordenadora Nacional de Ativismo e Movimentos Sociais, que também esteve em Brasília, nos concedeu entrevista sobre a 2ª Marcha das Mulheres Indígenas, seu significado e importância. Confira:

REDE – Como surgiu a Marcha das Mulheres Indígenas?

Ariene – A marcha das mulheres surgiu em 2019 com intuito de lutar pelos direitos fundamentais dos povos indígenas, além de ecoar ao mundo as vozes de centenas de mulheres indígenas.

REDE – Neste ano de 2021 a marcha ganha ainda mais simbolismo e força. Acredita que pode ser esta uma oportunidade de resgate de valores e como isso pode ser traduzido para o conjunto da sociedade?

Ariene – A marcha ganha mais força esse ano, pois os últimos ataques, violências aos povos indígenas, fizeram com que o movimento em geral viessem em peso, claro que as mulheres que sempre estiveram na linha de frente vieram em quantidade bem maiores, e essa união de mais de 5.000 mil mulheres demonstra a toda sociedade que a união para defender os direitos é fundamental, quando nos reunimos em Marcha, estamos com os mesmos objetivos, com as mesmas causas, e a nossa causa é coletiva, é pelo bem viver da nossa população, a mensagem que passamos ao mundo é de cura, é a de fortalecimento, é de esperança e de luta.

REDE – O final de agosto e agora essa abertura de setembro foram marcadas pela presença de povos originários de todo o Brasil, em luta contra o marco temporal e em afirmação de valores e da cultura indígena. Mas também, um movimento muito grande sobre a importância da ocupação do espaço da política. Como você vê esse momento e que resultados acha que poderão surgir?

As mobilizações dos povos indígenas, em meio a uma pandemia é para que os direitos indígenas não venham ser retirados, os últimos meses foram de muitos ataques aos territórios indígenas, invasões de garimpeiros, madeireiros, por isso a necessidade de mobilizar, e claro o perigo  vindo do Congresso com os PL’s anti-indígenas e no STF a tese do marco temporal, fez com que milhares de lideranças indígenas viessem à Capital Federal. É um marco histórico. A Luta pela Vida reuniu mais de 6.000 lideranças indígenas e agora na Marcha mais de 5.000, temos a maior mobilização da história do movimento indígena.

E nisso, entendemos a grande necessidade de ocuparmos cargos políticos, pois é de lá que vêm os PL’s, e entender que esse espaço é para nós também. É mais que necessário, é urgente. Vemos a importância de ter uma parlamentar indígena, mas é preciso de mais, o Congresso precisa ser ocupado por mais indígenas. Esperamos que a tese do Marco temporal seja reprovada no STF.

REDE – Quem é Ariene Susui?

Ariene – Sou Ariene Susui, 24 anos, jovem ativista indígena, Jornalista, Mestranda em Comunicação, participante de diversos movimentos de educação política, e coordenadora Nacional de Ativismo e Movimentos sociais da REDE Sustentabilidade.

REDE – Por que  REDE?

Ariene – Escolhi a REDE como partido por acreditar na missão que ela propõe, também pela abertura que temos enquanto povos indígenas, a exemplo da deputada Joenia Wapichana, temos vez, voz e voto.

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